CAPÍTULO IV
O dia amanhecera bonito, e Demi vestiu Nicky com a roupa que a mãe de Miley havia presenteado no Natal. Na época ficara um pouco grande, mas agora servia perfeitamente, e Demi se sentiu orgulhosa ao vê-Io crescendo.
Nick trabalhava para um tio que dirigia uma firma de importação de vinhos em L. A e, como não folgava aos sábados, ofereceu-Ihes uma carona a caminho do trabalho.
Nicky adorava passear de carro e a cada instante chamava a atenção da mãe, maravilhado com as paisagens diferentes que iam surgindo pelo caminho.
O zoológico estava cheio, e Nicky se divertiu bastante.
Quando Demi viu o comportamento das outras crianças, pôde perceber quanto Nicky era comportado. Ele olhava para os animais com sincera admiração, atraindo sorrisos dos adultos que o observavam.
Como ela imaginava, Nicky acabou ficando exausto e, ao subirem no ônibus que os levaria de volta, ele adormeceu em seu colo.
O dia ainda estava quente. Miley tinha ido passar à tarde com alguns amigos que moravam do outro lado de L. A.
Depois de pôr Nicky para dormir, Demi colocou um biquíni e deitou-se na grama do jardim.
O livro que levou para ler era pouco interessante e logo sentiu-se sonolenta. Fechou os olhos e adormeceu imediatamente. Acordou com o pressentimento de que não estava mais sozinha.
— Miley?
— Acho que não — respondeu uma voz masculina.
— Joe! — ela exclamou assustada, enquanto tentava compreender o motivo daquela visita inesperada.
Ele estava usando jeans e uma camisa de algodão aberta no peito e segurava os óculos escuros dela.
— Você esqueceu isto no carro. Deve ter caído de sua bolsa.
Ele observou demoradamente o corpo de Demi, e ela tentou não se mover. Depois do nascimento de Nicky, os seios tinham ficado mais cheios, e a cintura e os quadris continuavam bem-feitos.
— Você poderia ter esperado até segunda-feira para devolvê-Ios. Ou quis se certificar de que minha enxaqueca era real e não uma desculpa para faltar ao trabalho?
Enquanto falava, olhou instintivamente para o quarto de Nicky e, no mesmo instante, baixou a voz. Ela nem ousava pensar no que aconteceria se o filho de repente acordasse e os visse juntos.
— Não seja estúpida. — Seu olhar se dirigiu para os lábios de Demi que ainda estavam inchados.
Quando ela se mexeu, notou que Joe tinha empalidecido.
O biquíni deixava à mostra as marcas que os dedos dele haviam feito quando haviam discutido na noite anterior.
— Eu fiz isso?
— Você ainda duvida? Acha que eu gosto de ser agarrada à força?
— Não sei se gosta, mas, se for assim, Taylor não deve satisfazê-Ia — ele disse, com ironia. — Você prefere o estilo dele?
— Talvez seja mais agradável. Quem sabe...
Antes que Demi pudesse evitar, Joe a agarrou fortemente pela cintura.
— Então vamos experimentar. Assim você tira suas dúvidas...
Ele a segurava pela cintura quando Demi ouviu um, barulho no portão. Seu coração disparou ao ver que Miley e Nick fitavam os dois com surpresa. Uma olhada para o rosto de Miley foi suficiente para confirmar as suspeitas da amiga em relação ao pai de Nicky. Ela fez uma rápida apresentação, ficando surpresa quando Joe se inclinou para pegar Caterina, que o olhava admirada..
— Eu vim até aqui para devolver os óculos que Demi esqueceu no meu carro na quinta-feira à noite e esperava tomar alguma bebida refrescante.
Ele já tinha planejado entrar Demi, porém, não podia convidá-Io. Percebendo a ansiedade dela, Miley disse:
— Eu fiz uma limonada antes de sair. Por que nós não vamos até minha casa? .
— Primeiro vou me vestir — disse Demi, ansiosa para escapar e verificar se Nicky ainda dormia.
Por sorte ele estava mergulhado num sono profundo e Demi deu-lhe um beijo no rosto. Colocou um vestido de algodão, tentando imaginar uma forma de se livrar de Joe o mais rápido possível. .
Quando chegou ao apartamento dos amigos, Joe e Nick conversavam sobre carros. Miley começou a contar o passeio feito quando Caterina, que antes estava distraída com alguns brinquedos, assustou Demi olhando para Joe e dizendo claramente "Nicky". .
— Quem é Nicky? — perguntou ele. — Parece que ele tem grande amizade com Caterina.
— É um menino com quem ela está acostumada a brincar — disse Miley rapidamente. — Ela está começando a falar e por enquanto todos os homens se chamam "Nicky".
Demi não conseguiu dizer mais nada depois daquele momento angustiante. Se Nicky tivesse aparecido na sala chamando Joe de pai, ela não teria ficado tão assustada.
Joe foi embora logo depois, e Nick acompanhou-o para ver o carro dele. Quando eles saíram, Demi ficou na janela, olhando para o jardim.
— Ele é o pai de Nicky, não é? — perguntou Miley.
Demi manteve-se calada. Não adiantava mentir.
— Ele sabe? — Miley continuou antes que Demi pudesse responder. — É claro que não. Você o apresentou como seu chefe!
— É uma história muito longa...
Elas eram amigas sinceras, mas mesmo assim Demi não teve coragem de contar toda a verdade. Tentando escapar, disse a Miley que Nicky deveria estar acordando. .
— Ainda bem que ele não acordou antes — ela desabafou.
— Talvez tivesse sido melhor que ele acordasse e encontrasse Joe — respondeu Miley. — Nicky precisa do pai.
Demi rebatia a mesma carta pela terceira vez e com desânimo a tirou da máquina. Joe estava de péssimo humor e parecia piorar mais a cada dia. Ele a obrigava a trabalhar até mais tarde e, quando Demi chegava em casa, Nicky já estava dormindo. Ela havia procurado outro emprego, mas o momento não era favorável e acabou não encontrando nada. Não passava um só dia sem que ele fizesse um comentário malicioso com relação a Taylor L.
Naquele momento, Joe havia saído para resolver um problema com o título de um dos artigos.
Demi sentia-se cansada por causa do calor e do trabalho intenso e, além disso, não estava se alimentando bem. Desde a chegada de Joe, tinha perdido o apetite. Achava que ele agia dessa forma hostil para que acabasse cedendo e pedisse demissão, mas ela não desistiria tão facilmente.
O telefone tocou, e Demi empalideceu ao perceber o nervosismo de Nick, do outro lado da linha. No início ela não entendeu o que ele dizia, mas, quando compreendeu, deixou o fone, cobrindo o rosto com as mãos. A porta se abriu e Joe entrou, assustando-se ao ver a palidez de Demi.
— Santo Deus, o que está acontecendo? — ele perguntou, olhando para o telefone.
Demi pegou a bolsa e tentou ficar de pé. .
— Eu preciso ir... — Ela estava sobressaltada e tremendo.
— Sente-se! — ordenou Joe, forçando-a a obedecer.
— Eu tenho de ir... Nicky precisa de mim. — As lágrimas escorriam por seu rosto.
Joe apanhou o telefone.
— Aqui é Jonas. O quê... Nick? — Ele olhou para Demi.
— Está bem, deixe tudo comigo — disse friamente. — Qual é o hospital? — E, desligando o telefone, encarou-a. — Então Nicky é seu filho? Meu Deus, claro, é por isso que você não quer que Taylor L volte para a esposa. Por que esse idiota não se decide e escolhe uma das duas?
Demi nem ouviu as palavras de Joe. Desde que Nick explicou que Nicky estava no hospital, ela só conseguia pensar nisso.
Tinha certeza de que um dia isso acabaria acontecendo, pensou com tristeza, imaginando Nicky sozinho, sem os cuidados dela.
— Eu preciso ir — disse ela, passando por Joe para sair.
— Desse jeito? — Ela olhou para ele, mal podendo enxergar. Conseguiu apenas dizer vagarosamente:
— Eu já datilografei as cartas. Até logo!
— O quê? Eu não quero saber das cartas — gritou Joe. — Você já chamou um táxi?
Ela respondeu que não, e ele pegou o telefone discando os números com raiva. Falou alguma coisa e desligou, pegando o braço de Demi.
— Meu carro está lá fora. Vamos.
— Não quero ir com você.
— Não seja tão estúpida — disse Joe, puxando-a. — Seu filho está no hospital. O importante é você chegar o mais rápido possível até ele ou prefere que eu chame Taylor L?
Como Demi não respondesse, ele a conduziu pelo corredor, parando na recepção para avisar que iam sair.
Com o choque, ela até se esqueceu de perguntar o endereço do hospital e depois de algum tempo reconheceu que, sem a ajuda eficiente e rápida de Joe, não teria conseguido forças para enfrentar a situação.
Foi apenas quando parou o carro no estacionamento do hospital que ele disse:
— Ninguém no jornal sabe de seu filho? Você deve ter muita consideração por Taylor L para manter esse segredo. Ainda acredita que ele se preocupa com você? Ele lhe deu um filho e não se divorciou da esposa até hoje. O que você está esperando?
As lágrimas escorriam pelo rosto dela. Como uma criança, Demi deixou que Joe a ajudasse a sair do carro. Miley a esperava com o rosto pálido.
— Ele caiu da macieira — ela explicou desesperada. — Eu saí por um instante para pagar o leiteiro e quando voltei ele tinha caído. Parece que quebrou o braço.
Foi Joe quem a tranqüilizou dizendo que isso podia acontecer com qualquer um.
— Você não pode vigiá-Ios o tempo todo, Miley. Acalme-se, está bem?
Miley havia deixado a filha com uma vizinha e olhou para Demi sem saber quem precisava mais dela, se Caterina ou a amiga. Joe percebeu o embaraço de Miley e acrescentou:
— Eu fico com Demi. Você pode ir para casa e ficar com sua filha.
A sala de espera estava vazia. Demi olhava para uma das portas quando a enfermeira apareceu.
— Sra. Lovato? — ela perguntou com um sorriso. Seu filho passa bem. Ele quebrou o braço, mas já está sendo engessado. Nós lhe demos uma injeção apenas por precaução. Se a senhora e seu marido quiserem me acompanhar...
Demi ia corrigir o engano, porém a moça já havia se adiantado no corredor, esperando que eles a acompanhassem.
— Seu filho se parece muito com o senhor — comentou a enfermeira. — E além do mais é muito corajoso. Nem chorou!
Demi quase perdeu o fôlego, mas Joe a fez seguir em frente. Nicky estava na enfermaria, sentado numa pequena cama, e quando viu a mãe seu rosto se iluminou.
— Eu caí da árvore e por isso engessaram meu braço, mamãe.
O menino parecia bem, mas Demi precisava pegá-Io no colo para certificar-se disso. Ele se contorceu impacientemente quando ela o abraçou. Olhando para Joe, Nicky perguntou:
— Quem é ele?
Joe olhava para Nicky sem conseguir acreditar. Demi sabia que agora ele não faria mais comentário algum sobre Taylor L ser o pai da criança.
Ignorando a pergunta do filho, Demi se dirigiu à enfermeira:
— Ele pode ir para casa? .
— Claro! O médico quer apenas lhe dar algumas instruções de como cuidar dele. A senhora sabia que o tipo sanguíneo de seu filho não é muito comum?
Demi sabia e suspeitava que Nicky tivesse herdado isso do pai, uma suspeita que a expressão de Joe confirmou.
A enfermeira foi atender uma criança que estava chorando, e eles ficaram sozinhos.
— Meu Deus, por que você não me contou? Ele é meu filho e você não me diz nada!
— Ele não é...
— Não minta Demi. Ele é meu filho! Só um cego diria o contrário. Nós temos muito que conversar, não pense que vai se livrar dessa facilmente. Você me deve algumas explicações.
A chegada do médico interrompeu a conversa. Em vez de dirigir-se a Demi, o médico deu todas as instruções a Joe. Por causa da semelhança entre pai e filho seria inútil negar o parentesco. O fato de Joe ter chegado ao escritório naquele momento em que estava atônita e desorientada ainda a intrigava. Quando Nick lhe disse que Nicky estava hospitalizado, ela simplesmente não conseguiu enxergar mais nada. Era irônico imaginar que, se não fosse por isso, Joe nunca teria descoberto a verdade.
O médico terminou de falar, e Demi se abaixou para pegar Nicky.
— Deixe que eu o levo — disse Joe. — Ele é muito pesado para você.
— Não!
— Pelo amor de Deus! Eu não vou arrancá-Io de seus braços e sair correndo. Que tipo de homem você pensa que eu sou?
Os olhos dela responderam. Só porque Nicky era tão precioso para ela não significava necessariamente que Joe sentisse o mesmo; mas, quando ele viu Nicky, Demi ficou apavorada diante de sua fisionomia alterada.
Nicky entusiasmou-se ao ver o carro estacionado na frente do hospital. Joe segurou-o enquanto Demi se sentava, e depois colocou-o no colo dela.
— Está bem, filho? — ele perguntou, fechando a porta.
Ela estava muito preocupada com Nicky para prestar atenção ao caminho e, quando deu por si, Joe estacionava o carro em frente a um prédio. Demi olhou furiosa para ele.
— Nós temos muito que conversar — Joe disse suavemente.
Demi estremeceu. Por um instante ele pareceu irritado e nervoso o suficiente para matá-Ia.
— Eu quero ir para casa.
Ele saiu do carro e abriu a porta.
— Vamos, saia!
Eles já estavam no elevador quando Joe falou novamente. Nicky perguntou onde estavam e pareceu ficar satisfeito com a resposta de Demi de que conheceriam o apartamento do Sr. Jonas. .
— Vou lhe dizer uma coisa importante. Pelo menos você se preocupa com a criança — Joe começava a acalmar-se.
— Muito mais do que você poderia imaginar!
O apartamento de Joe era grande e confortável. Ele colocou-os à vontade antes de ir para a cozinha, de onde voltou com café e suco de laranja.
Nicky aceitou o suco alegremente. No carro ele tinha ficado quieto, e Demi suspeitou que fosse por causa do trauma do acidente. Agora ele estava sentado no colo dela, parecendo encabulado.
— Você tem filho? — Nicky perguntou, dirigindo-se a Joe.
— Sim — Joe respondeu com suavidade.
Nicky continuou:
— Eu não tenho pai. Mas eu quero um, não é, mamãe?
Demi pensou que fosse desmaiar.
— Bem, vamos ver o que podemos fazer sobre isso, filho.
Por que não dorme um pouquinho enquanto eu e sua mãe conversamos?
— Você não devia ter falado aquilo com ele! — Demi exclamou com raiva depois que ele colocou Nicky na cama.
Para surpresa dela, o menino não teve medo de dormir num quarto estranho. — Ele ainda é muito criança para entender por que não tem pai...
— E também é muito criança para esquecer que não teve um até agora — respondeu Joe, com a voz entrecortada.
— O que você está querendo dizer?
— Nicky é meu filho, Demi, e você não pode negar.
— Você é pai, mas não tem nenhum direito sobre ele.
— Não? Eu gostaria de saber a opinião de um juiz a respeito disso. Ele precisa de um pai. Até você pode perceber isso. É evidente!
— Você não vai tirá-Io de mim! .
— Espero não precisar chegar a tanto!
O que se passava na cabeça daquele homem? O que ele iria lhe pedir? Direito de visitá-Io? Ela seria obrigada a dizer que nunca permitiria que Nicky ficasse dividido entre eles. .
— Nós podemos casar e dar-lhe uma família.
O choque a deixou muda por um instante.
— Casar? — perguntou ela, quando recuperou a fala. — Depois do que você me fez? Nunca!
— Eu lhe dei Nicky — disse ele, com suavidade. .
Ela se afastou de Joe, demonstrando nervosismo.
— Nicky e eu não precisamos de você.
— Você, pode ser que não, mas ele precisa de um pai.
— Então eu encontrarei um para ele! — gritou Demi, assustando-se quando ele agarrou a mão dela. Havia cometido um erro tático, e os olhos de Joe revelavam uma frieza profunda. Ele nunca deixaria que ela desse um padrasto ao filho dele.
— Você seria capaz disso só para me contrariar, não é? Nicky é meu filho, e eu o quero o suficiente para ficar com você, mas, se você não concorda, encontrarei outra mãe para ele. Uma que fique em casa cuidando dele para não cair de árvores. Em casos de custódia, o juiz se preocupa primeiro com o bem-estar da criança. Eu posso lhe dar a segurança de um lar, de um pai e uma mãe. Ele não sofreria por ser deixado com vizinhas enquanto a mãe vai trabalhar. Tenho certeza de que você não precisa usar muita imaginação para saber a favor de quem o juiz ficará — Joe disse, com raiva.
Como ele podia ser tão cruel e mesquinho? Ela sentiu um nó na garganta, mas tentava manter-se calma para vencer a batalha pelo filho. Precisava usar argumentos lógicos e claros.
— Até hoje você nem mesmo sabia da existência dele —insistiu ela. — Como você pode afirmar que o quer?
— Você não o quis no momento em que o viu?
A expressão de Demi a traía.
— Eu nunca teria deixado que ele nascesse se soubesse que isso ia acontecer! — ela exclamou, com amargura, ficando chocada quando Joe a sacudiu com violência.
— Nunca mais quero ouvi-Ia falar desse jeito! – Ele estava furioso. — Se você estivesse falando sério, eu a poria daqui para fora na mesma hora... E ficaria com o meu filho!
Tal injustiça a deixou revoltada. Ele havia gerado Nicky sem o saber e agora ousava acusá-Ia de mãe irresponsável.
— Case comigo, Demi — disse ele, com voz firme. — Caso contrário, tomarei minhas providências.
— Dê-me algum tempo. — Ela estava exausta. — Eu farei o que for melhor para Nicky. Ter pais que brigam o tempo todo não é o ideal! Você também pensa assim, Joe? É lógico que pode ver que o casamento entre nós não será o melhor para Nicky.
Ao ouvir um barulho, Demi olhou para o quarto, mas Joe chegou primeiro e, quando ela entrou, ele já estava sentado perto de Nicky. O garotinho parecia sério e confuso. Sua voz saiu um pouco trêmula ao pronunciar o nome da mãe, aconchegando-se a ela quando Demi o tomou nos braços. O garotinho pressionou o rosto contra o peito dela ignorando a presença de Joe, e por um momento ela se sentiu triunfante, por Nicky tê-Ia procurado em vez de buscar o pai.
— Fique sabendo que eu não estou brincando — avisou-a Joe, calmamente, enquanto ela se levantava com Nicky nos braços. — Quero sua resposta amanhã. Se preferir, tire uma folga no trabalho, assim você não poderá dizer que não teve tempo suficiente para pensar.
Ela estava absorta durante todo o caminho de volta a casa, e foi apanhada de surpresa quando o carro parou, e Joe abriu a porta para Nicky, que pediu para que ele o carregasse. O que mais a deixou furiosa foi o fato de Joe não se mostrar triunfante, erguendo o menino com naturalidade e com um sorriso que foi imediatamente retribuído por Nicky.
— Não pense em fugir de mim, Demi — Joe avisou, colocando Nicky na cama.
Ele a seguiu até a sala de visitas, lançando-lhe um olhar inflexível.
— Esta tarde você pensou que Nicky era filho de Taylor L — ela recordou, com amargura.
— Mas agora sei que é meu e quero dar a vocês dois a minha proteção.
— Que maravilha, não? Mal posso acreditar! – Demi disse, com raiva. — Só que nós não precisamos de você, Joe. E quando eu precisei você não estava por perto.
— Eu não sabia que você estava grávida! — ele gritou pálido. — Eu já tentei lhe dizer...
— E eu não quero ouvir — ela interrompeu-o, com os olhos cheios de ódio. — Por que você não nos deixa em paz? Nicky e eu somos felizes assim.
— Talvez você seja feliz, mas, e Nicky? Uma criança precisa de pai e mãe, Demi, e se você for honesta consigo mesma admitirá que tenho razão. Como você, eu também só quero a felicidade dele. No momento em que o vi e soube que era meu filho, compreendi que não poderia deixá-Io sair da minha vida.
— Mesmo considerando que você entrou naquele apartamento apenas para encontrar as provas de que precisava para incriminar James Myers — ela concluiu, com amargura. — Ah, saia daqui, seu... Seu hipócrita!
Depois que ele se foi, ela ficou sentada, olhando o vazio e tentando chegar a uma conclusão de tudo o que havia acontecido, sem perceber que já estava escuro.
Joe não havia feito ameaças em vão, ela bem o sabia. Ele lutaria para conseguir o filho e certamente nenhum juiz ficaria do lado de uma mãe que trabalhava fora quando o pai poderia dar uma casa luxuosa e uma madrasta dedicada. Quem ele teria em mente? Taylor S? Pouco provável! Ela não gostava de crianças. Mas, com certeza, não faltariam mulheres que quisessem se casar com ele.
Uma leve batida na porta a assustou e, a princípio, ela pensou que fosse Joe. Mas quando abriu a porta viu Miley com os olhos vermelhos de tanto chorar.
— Oh, Miley, não foi culpa sua! — exclamou Demi, recriminando-se por não ter ido antes ao apartamento da amiga. Será que Miley ainda pensava que ela a culpava pelo acidente? — Eu deveria ter ido vê-Ia, mas tinha algo importante a resolver. Joe quer casar comigo por causa de Nicky — disse repentinamente, sem saber por que sentia necessidade de confiar em alguém. .
Miley ficou aliviada.
— Oh, Demi! Finalmente ouço boas notícias! Quando voltamos do hospital, o pai de Nick estava ao telefone. O irmão do meu marido ficou seriamente ferido num acidente de automóvel e meu sogro quer que voltemos imediatamente. Com Cesare no hospital não há ninguém para cuidar das coisas, e eu tinha receio de lhe dizer que precisaremos partir.
Demi sentiu um aperto no coração ao ouvir aquilo. É claro que Miley e Nick teriam de voltar para a Itália, mas quem cuidaria de Nicky? Como ela poderia sair para trabalhar se não tinha ninguém de confiança para olhá-Io? Ele ainda era muito pequeno para ir para uma escolinha mesmo que existisse uma nas proximidades. A única alternativa seria encontrar uma babá, mas ela preferia que Nicky crescesse em ambientes familiares, e foi por isso que ficou contente quando Miley e Nick ocuparam o apartamento. Também poderia colocar um anúncio à procura de outro casal, mas isso levaria tempo. E, se achasse alguém, Nicky não se acostumaria tão facilmente com eles.
— Casar! — exclamou Miley, com romantismo. — Oh, isso é tão bom. Eu logo vi que ele não iria desamparar o próprio filho. Vocês brigaram, não? E o orgulho não deixou que você lhe falasse sobre o bebê. Nick ficará satisfeito! Nós estávamos tão preocupados em lhe contar...
Demi compreendia perfeitamente a situação da amiga.
Porém, não conseguiu encontrar as palavras para dizer a Miley que não queria se casar com Joe. Não havia outra saída. Joe tinha deixado bem claro que pretendia ter o filho sob o teto dele, mesmo que para isso precisasse destruí-Ia.