Demetria sempre fora apaixonada por Joseph, desde que o viu pela primeira vez, no jardim de infância, quieto, brincando com sua coleção de figurinhas.
Embora sempre achasse que todo esse sentimento não passasse de uma paixão infantil, e que com o passar do tempo esvairia-se, passou a mudar seu modo de pensar, quando se deu por conta que já haviam se passado cerca de 18 anos, e o seu amor pelo garoto meigo, dos cabelos longos continuava intacto.
Joseph era o garoto prodígio da escola. Todos os alunos disputavam para estar ao seu lado. O tempo havia o feito muito bem. O pequeno e meio garoto que Demetria se apaixonara já não era mais o mesmo, havia crescido, e mudado. Joe, como os amigos e seguidores passaram a lhe chamar, era namorado de Lívia, uma esnobe, e sem piedade.
Já Demetria, continuara sendo a menina timidade e estudiosa da classe, professor algum reclamava por te-la como aluna, mas que na verdade não era a verdadeira vida que a garota gostaria de ter.
O dia amanhecia, o sol raiava explendorosamente lá fora, e o canto suave dos pássaros sobre sua janela acordaram Demetria. Por mais tedioso que fossem os dias, bastava o pensamente de que Joe estaria uma classe ao lado da sua, fazia com que todos os sentimentos ruins que a tomasse simplesmente sumissem, e em um estalar de dedos, a garota se via suspirando, e sorrindo contagiantemente.
Mas aquela manha algo parecia diferente, algo incomum passava-se dentro de Demetria. Algo a perturbava, uma sensação incomoda, que a deixou inquieta e pensativa a aula toda.
Enquanto Demetria assimilava a explosão de sentimentos que a perturbavam, escutou alguém berrar insistentemente seu nome.
- Demetria, Demetria! – Era seu professor, Antonio, que sem entender a desatenção da menina, a chacoalhava pelo ombro.
Demi acordou de seu pesadelo imediatamente, ao som dos risos da classe inteira, exceto de Joseph, que a fitava atentamente, lendo suas feições.
- Me desculpe professor, estava no mundo da lua. – disse a garota constrangida, sentindo suas bochechas corarem.
- Ótimo, agora trate de voltar para a terra, e me dar o resultado do primeiro problema!
As palavras do professor causaram risos gerais na classe, Demetria apenas afundou-se na cadeira e começou a resolver os complicados problemas de álgebra.
A aula parece passar voando, quando sua mente esta ocupada pensando em algo ruim.
O sinal soou, e todos os alunos começaram a sair, exceto Demetria, que continuará ali, intacta, olhando para o nada.
Alguns segundos se passaram e a garota perceberá que havia ficado só dentro da gigantesca sala de aula. Vagarosamente pegou seus cadernos, e os atirou em sua mochila, sem cuidado algum.
O corredor da escola ainda parecia tumultuado. Demetria respirou fundo, e andou, fitando o chão, em meio à multidão de adolescentes frenéticos e apressados.
Quando estava perto da saída, algo arremessou bruscamente a garota e seus cadernos violentamente contra o chão. Demetria, assustada, e sem entender, olhou lentamente para cima, e deu de cara com Joe, e alguns de seus amigos, rindo e caçoando da garota.
- Terra chamando nerd! – gritavam eles, principalmente Joseph.
Naquele instante, seu mundo parou. Tudo em sua frente pareceu escurecer, e as lagrimas em seus olhos pareciam incontroláveis, e Demetria fez questão de mostrá-las, de mostrar para Joseph a dor que a tomava. As palavras do garoto eram como uma barra de fero, cravando sem piedade bem em meio a seu peito, e repetindo centenas de vezes em sua cabeça, sem parar. A dor que Demetria sentia naquele momento era maior do que a dor de qualquer ferimento, era uma dor que nada curaria.
A garota ajuntou seus cadernos e correu. Correu o maximo que pode, sentindo apenas os olhares curiosos deixados para trás.
Joseph continuou ali, parado, sem ação, apena as imagens de Demetria, soluçando, sobre o chão, como se algo a ferisse, fitando seu rosto, de modo desesperado, angustiado. O garoto parecia sentir a dor que Demi sentiu, e certamente, sentia naquele momento, o remorso era algo inevitável em seu peito.
A dor que o coroia por dentro era insuportável. A vontade de abraçar e amparar a pequena e frágil menina, caída sobre o chão, tomada de dolorosas lagrimas era maior do que o próprio. Quando finalmente pode recuperar-se, sua única atitude foi afastar-se de seus amigos e correr atrás de Demetria, que sumia cada vez mais de seu olhar.
Joe gritava desesperadamente o nome da garota, que corria cada vez mais.
Seus pés pareciam presos ao chão, e quando mais andava, mais Demetria parecia se distanciar, restava-lhe apenas o reflexo de seus cabelos esvoaçando ao vento, iluminado a visão de Joseph.
Sua respiração já estava irregular, sua cabeça girava loucamente e seus olhos pareciam cansados demais para enxergar a centímetros sequer.
Suas pernas, cederam-se, já sem forças para continuar e tremulas demais para dar um mínimo passo.
Ao chocar-se com o chão, Joe ouviu três estrondosos disparos. Seu coração de imediato pareceu parar de bater. Rapidamente se viu em pé. Correu com toda a força que lhe restava, que mesmo sendo tão pouco, pareceu redobrar-se.
Havia acontecido oque previa. Quando dobrou a rua, uma multidão aglomerava-se em circulo, rodeando algo. Joe, sem pensar em ser gentil, ou algo de tipo com as pessoas, que curiosamente, pararam, correu em direção ao centro, empurrando todos que por sua frente passavam.
Demetria, sua Demetria, estava ali, estirada sobre o chão, tão frágil e sem proteção, com seu corpo coberto de sangue.
Seu mundo pareceu desabar. O verdadeiro amor de Joe, aquele pelo qual havia mantido em segredo durante cerca de 17 anos, corria risco de vida, e tudo oque passava por sua cabeça era a dor de que por sua culpa, poderia perder o grande amor de sua vida.
Pela segunda vez consecutiva, seus joelhos cederam-se, e Joe abraçou-se ao corpo ensangüentado de sua frágil Demetria, e chorou. Seus olhos nunca haviam visto tantas lagrimas. Seu coração estava em pedaços, como sua alma, pequenos e míseros pedaços, irreconstituiveis.
Seus gritos angustiados suplicavam por socorro. O corpo de Demetria debruçado sobre seus braços, temendo ouvir suas pulsações.
- Demi, abra seus olhos, mantenha seu coração batendo, não me deixe, por favor, não me deixe! Abra seus olhos, eu estou aqui, olhe para mim! – gritava desesperadamente Joe. Seus lábios tocaram-nos da garota. – Eu te amo Demetria, não me deixe, eu preciso de você aqui, fique comigo, abra seus olhos.
As lagrimas joravam de seus olhos sem cessar um momento sequer. Joe podia sentir que seu coração já estava só, seus corações, que batiam os dois em um só já não eram mais assim, pois Demetria o deixará, seu coração acabará de parar de bater.
As sirenes soavam, o som do desespero, o som da dor, audível a quilômetros de distancia.
Os homens de branco, carregando o amor de sua vida para dentro de uma ambulância. Os choques que faziam seu corpo tremular, saltar, obrigando seu coração voltar a bater. Mas tudo, tudo parecia em vão. Novamente seu corpo foi tomado pelos choques, em vão. Seus olhos pareciam não querer se abrir, seu coração ferido não queria voltar a bater. O som dos aparelhos por todo o seu corpo, o som de seu coração, em linha reta. Seu corpo tremulando, e quando as tentativas eram sempre invalidas.
O silencio tomou o local, os médicos haviam desistido nada mais poderiam fazer seu coração já havia parado, e por mais que tentassem, parecia negar-se a voltar a reagir.
O desespero tomou conta definitivamente de Joseph, que indo contra a ordem dos enfermeiros, debruçou-se contra o corpo de Demetria, e chorou, gritando desesperadamente, e inundando ao seu redor com lagrimas, cada lagrima dotada da dor que ardia sem cessar em seu peito, uma dor que o matava aos poucos, que o fazia sofrer.
- Demi, volte não me deixe aqui, eu não quero viver em um mundo em que você não esteja nele! Abra seus olhos, faça seu coração bater, tenha forças, eu estou com você, sei que você pode, volte pra mim, não me deixe aqui sozinho, você é tudo oque eu tenho, oque me dá forças pra viver. Eu te amo Demetria, não me deixe, eu te amo. – Joe beijou novamente Demetria, derramando suas lagrimas sobre ela, a beijou como se fosse o ultimo instante de sua vida, mas nada sentiu, Demetria, sua Demetria não estava mais ali, apenas um corpo.
Estava tudo acabado, sua vida estava acabada. O garoto, sem rumo, em choque, deu-se por vencido, apesar da dor que alastrava-o por dentro, arrastado pelos ‘homens de branco’, afastou-se de Demetria. Seu coração gritava ‘não desista do seu grande amor’, mas ele nada mais podia fazer.
Quando Joe virou-se para o corpo de Demetria, o som de seu coração voltou a soar. Os aparelhos sobre seu corpo voltaram a sentir seus batimentos, seu coração havia voltado a bater, sua Demetria não havia o deixado, seu coração não estava mais só, seu coração finalmente havia recuperado o motivo para continuar a bater.
Às vezes procuramos tanto pelo que chamamos de amor, e não nos damos conta que ele pode estar mais perto do que esperamos. Procuramos algo que talvez nem seja oque verdadeiramente queremos, apenas uma mascara, e assim, nos escondemos por anos, pensando que não é esse o verdadeiro sentimento que há dentro de nós. Às vezes não nos damos por conta, do quanto agimos errado, a julgar sem conhecer, a sentir-se bem ao humilhar pessoas que simplesmente nunca nos fizeram mal. Criticamos pessoas, brigamos, e só nos damos conta do quanto elas são importantes quando elas não estão mais conosco.
Awwwwwn , está lindo flor *-*
ResponderExcluirAdoro suas mini fics . Você escreve tão bem :)
beijos ;*
L-I-N-D-OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
ResponderExcluirto chorando agora!!!simplismente perfeito!!!!